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Tristeza ou Depressão?

Histórico

Melancolia: Hipócrates a descreveu como a “bile negra”, um estado de aversão à comida, desespero, falta de sono, irritabilidade e inquietação. O baço seria responsável por secretar a bile negra, que, por sua influência no cérebro, escureceria o humor.

Além da melancolia natural, surgida de uma disposição inata para produzir bile negra em excesso e que levava a uma forma mais severa de doença, a medicina greco-romana reconhecia contribuições “não naturais” para a melancolia, tais como o consumo imoderado de vinho, perturbações da alma causadas pelas paixões e ciclos de sono desregulados. O outono era considerado a estação mais propícia para a melancolia.

 

Areteu da Capadócia — 150 d.C.

Em relação à cura de um jovem que sofria de melancolia considerada incurável, Areteu relata o seguinte caso: “Em minha opinião, ele estava apaixonado por uma mulher, mas, como acreditava que ela não se interessava por ele, tornou-se triste e disfórico… Contudo, quando conseguiu expressar seus sentimentos e percebeu ser correspondido, sua tristeza, disforia e raiva desapareceram. Nesse sentido, o amor é o médico.”

 

 

Edward Synge (1659–1741), arcebispo de Tuam

Synge diferenciava uma melancolia endógena de uma reativa. Ele escreveu: “A melancolia pode ser removida, aliviada, e seu retorno pode ser prevenido sob uma rigorosa avaliação de nossa vida. Quando, nessa avaliação, nenhuma razão é encontrada, conclui-se que a melancolia nasce de uma indisposição do corpo. Muitas vezes, porém, quando o corpo não mostra essa indisposição, essa melancolia ocorre devido a apreensões que acometem a mente.”

 

 

Luto e Melancolia, Freud, 1917.

“O luto, de modo geral, é a reação à perda de um familiar ou de alguma abstração que ocupava o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém. Em algumas pessoas, essas mesmas influências produzem melancolia em vez de luto; por conseguinte, suspeitamos que essas pessoas possuíssem uma disposição patológica. Também vale a pena notar que, embora o luto envolva sérios afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida, jamais o consideramos uma condição patológica que demande tratamento médico. Confiamos que seja superado após certo lapso de tempo e julgamos inútil ou até prejudicial qualquer interferência em relação a ele.

Os traços mentais distintivos da melancolia são um desânimo profundamente penoso, a cessação de interesse pelo mundo externo, a perda da capacidade de amar, a inibição de toda e qualquer atividade e uma diminuição dos sentimentos de autoestima, a ponto de encontrar expressão em autorrecriminação e autodesvalorização, culminando numa expectativa delirante de punição.”

Critérios para Episódio Depressivo Maior – DSM IV

 

A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representam uma alteração a partir do funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda do interesse ou prazer.
Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a uma condição médica geral ou alucinações ou delírios incongruentes com o humor. 
(1) humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por ex., sente-se triste ou vazio) ou observação feita por outros (por ex., chora muito).
Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável 
(2) interesse ou prazer acentuadamente diminuídos por todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação feita por outros)

(3) perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta (por ex., mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite quase todos os dias.
Nota: Em crianças, considerar falha em apresentar os ganhos de peso esperados 
(4) insônia ou hipersonia quase todos os dias 
(5) agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outros, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento) 
(6) fadiga ou perda de energia quase todos os dias 
(7) sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada (que pode ser delirante), quase todos os dias (não meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente) 
(8) capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outros)

(9) pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio 
 

B. Os sintomas não satisfazem os critérios para um Episódio Misto 
 

C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
 

D. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso ou medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex., hipotiroidismo). 
 

E. Os sintomas não são melhor explicados por Luto, ou seja, após a perda de um ente querido, os sintomas persistem por mais de 2 meses ou são caracterizados por acentuado prejuízo funcional, preocupação mórbida com desvalia, ideação suicida, sintomas psicóticos ou retardo psicomotor.

Epidemiologia

 

  • Risco para transtorno depressivo maior durante a vida:

10 a 25%: mulheres

5 a 12%: homens

 

  • Prevalência:

5 a 9% mulheres

2 a 3% homens

 

  • Há indícios que não há relação com etnia, educação, rendimentos ou estado civil.

 

  • Pode iniciar em qualquer idade , situando-se a média em torno dos 25 anos

 

  • Pelo menos 60% dos indivíduos com TDM episodio único tem um segundo episodio

 

  • Cerca de 5 a 10 % dos indivíduos com TDM desenvolvem um episodio maníaco

 

  • Os episódios depressivos maiores podem terminar completamente em 2/3 dos casos ou parcialmente ( ou não terminar) em 1/3 dos caso

 

  • Padrão familial: 1,5 a 3 vezes mais comuns entre os parentes biológicos em primeiro grau de pessoas com este transtorno que na população em geral

 

  • Indivíduos com TDM grave que morrem por suicídio chegam a 15%

 

  • O índice de mortalidade em indivíduos com mais de 55 anos pode ser quatro vezes maior.

 

  • Em indivíduos atendidos em contextos médicos gerais, aqueles com TDM tem mais dor e doença física e uma redução do funcionamento físico, social e de papeis.

 

  • Estudos sugerem que eventos psicossociais podem exercer um papel mais significativo na precipitação do primeiro ou segundo episodio depressivo e terem papel menor nos episódios subseqüentes.

Tristeza ou Depressão?

  1. Uso indiscriminado da palavra depressão para descrever nossos sentimentos. Podendo ser sinonímia dos mais diversos processos como: luto normal, ansiedade não patológica, angústia, estresse, cansaço...

  2. Assimilação social do termo “depressão” como algo aceito e permitido. 

  3. Nomeação dos mais diversos processos patológicos como “depressão”. O paciente esquizofrênico diz: “Doutor tenho depressão há muitos anos”, referindo-se a seus delírios persecutórios

  4. Ao paciente nomear seu sofrimento como depressão devemos sempre pormenorizar os sintomas. Atentemos ao discurso daquele sujeito, avaliando a subjetividade da depressão enunciada. As “depressões” nunca são iguais.

  5. Assimilarmos que termos “dias ruins”, chorarmos, angustiarmos esporadicamente é algo que faz parte da existência humana.

  6. Escutar o choro, o desabafo e a desesperança como forma de expressão, evitando a prescrição rápida e indiscriminada de soluções imediatas.

Caso Clínico

  1. PMC, 35a, casado, sem filhos, engenheiro.

  2. Dois meses após a separação conjugal o paciente passou a apresentar crises de choros freqüentes. Começou a faltar no trabalho, contradizendo seu histórico de assiduidade. Passou a se sentir triste e desanimado a maior parte do dia. Emagreceu cinco kg em um mês. Achava-se penosamente culpado pelo fim de seu casamento, passando também a sentir culpado pelas mais diversas agruras sociais. Não se sentia merecedor de nada. Achava-se a pior pessoa do mundo. Nada lhe dava prazer. E nada mais teria solução.

Escutar o choro.

  1. Não nos apressemos.Não deixemos que a exigência de soluções rápidas e efetivas prejudiquem nosso tempo ou  disponibilidade para escuta

  2. Evitemos entender que há um “nível de funcionamento” normal para todos. Atenção às singularidades.

  3.  Depressões leves podem e devem ser manejadas com psicoterapia

  4. Entendamos que os anti-depressivos são drogas eficazes. As drogas utilizadas em psiquiatria são de 2 a 3 vezes mais eficazes do que o placebo e tão efetivas quanto a penicilina para pneumonia pneumocóccica ou estreptomicina para tuberculose (Davis; Wang; Janicak, 1995). Porém, não são isentas de efeitos colaterais ou interações medicamentosas. Reservemô-las aos casos que realmente necessitam. 

Estou cansado, é claro,

Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.

De que estou cansado, não sei:

De nada me serviria sabê-Io,

Pois o cansaço fica na mesma.

A ferida dói como dói

E não em função da causa que a produziu.

Sim, estou cansado,

E um pouco sorridente

De o cansaço ser só isto —

Uma vontade de sono no corpo,

Um desejo de não pensar na alma,

E por cima de tudo uma transparência lúcida

Do entendimento retrospectivo...

E a luxúria única de não ter mais esperanças?

Sou inteligente; eis tudo.

Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,

Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

 

Alberto Caieiro.

 

“O consumo de Prozac (fluoxetina) está tão elevado no Reino Unido que está presente inclusive na água de consumo doméstico, segundo revelou a Agência Britânica do Meio Ambiente. 

A fluoxetina está sendo encontrada em quantidade crescente nos rios e na água de consumo doméstico, explica a agência, até o ponto de que se mantenham reuniões com os responsáveis da industria farmacêutica para estudar as possíveis repercussões do fenômeno nos consumidores e no meio ambiente. 

A Agência Britânica de Água considera que o fármaco está tão diluído que há um risco mínimo para a saúde. “É muito pouco provável  que haja um risco porque este tipo de droga aparece em quantidades muito pequenas”, afirmou um porta-voz da agência .”

 

Publicado em 10/08/2004, Jano-online e Agências

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